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Thursday, January 27, 2011

Realidade de moradia na Alemanha

Aluga-se Apartamento

Três quartos, cozinha, banheiro

Apartamento alugado ou casa própria? Casa ecológica ou prédio antigo?
Uma visão dos mundos e sonhos residenciais sob os tetos alemães.

Típica sala alemã

Um conjunto de estofados com sofá de canto e poltrona, de preferência na cor de terracota ou de casca de ovo. Uma estante de madeira clara, mesinha de centro, televisor e um computador com conexão de internet. Papel de parede flocado, um carpete aveludado azul escuro no chão. No peitoral da janela estão vasos com cíclame, hera ou orquídea. É assim a “sala de visita mais comum na Alemanha”. A agência de publicidade Jung von Matt, de Hamburgo, fez sua reconstrução, orientando-se estritamente nos dados do Departamento Federal de Estatística e da Sociedade de Pesquisa do Consumo. Uma forma especialmente convincente de pesquisa do público-alvo: na agência, numa sala mobiliada exatamente como a citada na pesquisa, a equipe de criatividade reúne-se quando quer sentir diretamente o pulso do consumidor. E onde se poderia fazer isto de melhor maneira, que no seu ambiente privado, que foi decorado com o próprio gosto? No qual ele vive, mora. Dia após dia.


A língua inglesa não conheça diferença entre os verbos “morar” e “viver”, ambos são “to live”. Já no alemão, o verbo “wohnen” (morar) provém do alto alemão arcaico e, então, também significava “permanecer” e “estar contente”. Mesmo hoje, isto não parece tão errado neste contexto, pois a moradia tem uma grande importância na Alemanha. A maior parte da sua renda mensal é gasta pelos alemães com a moradia – um total de 700 euros para aluguel, manutenção, custos de eletricidade e energia. Mas este é apenas um valor médio. De acordo com a cidade, a localização e o tamanho da moradia, só o custo do aluguel pode ser muito acima, ou abaixo, disto. Em linhas gerais, pode-se dizer: no sul, as moradias são mais caras que no norte ou no leste da Alemanha. Mas, segundo um estudo do Departamento Federal de Construção Civil e Ordem Urbana, as populações da Baviera e de Baden-Württemberg consideram suas qualidades de vida como especialmente elevadas. As pesquisas sempre citam Munique como a mais cara das cidades alemãs: lá, os inquilinos pagam até 70% mais do que a média alemã. Também Wiesbaden, Stutt­gart, Colônia e Düsseldorf são especialmente caras, fazendo parte da lista de ponta, ao lado de Hamburgo e Frankfurt do Meno. Surpreendentemente moderado, em especial em comparação com outras grandes metrópoles da Europa, é o custo de moradia na capital alemã: os berlinenses pagam, em média, menos de 5,50 euros por metro quadrado.


No entanto, o aluguel é para muitos apenas uma solução alternativa. Os cientistas do Instituto Leibniz de Geopolítica, em Leipzig, constataram que “o anseio pela propriedade da moradia está em segundo entre os desejos materiais” na Alemanha. Ele vem logo em seguida ao automóvel. Na realidade, porém, o percentual de proprietários é baixo em comparação com outros países da Europa: menos da metade das famílias alemãs vive num apartamento ou numa casa próprios. A maioria mora em imóvel alugado, mas raramente em casa: 76% dos inquilinos vivem em prédios com mais de três apartamentos.
Já a média de área dos apartamentos aumentou constantemente desde a década de 1960: 90 metros quadrados são a média de área das moradias, quando se considera os mais de 39 milhões de domicílios de aluguel e de uso próprio, casas ou apartamentos, na Alemanha. Isto significa um pouco mais de 40 metros quadrados per capita. Este valor varia muito, no entanto, de acordo com o número de pessoas no domicílio e a renda. A categoria predileta nos portais imobiliários é, com certeza, o tradicional “três quartos, cozinha, banheiro e balcão”. Cerca de meio século atrás ainda era muito comum que uma família de quatro pessoas vivesse assim: a sala, o quarto do casal, um quarto para as duas crianças. Hoje, segundo estudos do Instituto Leibniz, é tido como “conveniente” um quarto próprio para cada criança.

Casa pre-fabricada
 Na década de 1950, os anos de reconstrução do pós-guerra, foram construídos rapidamente inúmeros apartamentos simples de andar inteiro. Na década posterior, no oeste da Alemanha, cresceram sobretudo os subúrbios, através do incentivo para construção de casa própria. A década de 1970 foi marcada pela construção de grandes conjuntos habitacionais para a população de baixo poder aquisitivo. Desde a década de 1980, o cenário tornou-se variado: velhas construções são restauradas de forma dispendiosa, ao lado delas surgem pequenas propriedades imobiliárias de grande valor, conjuntos compactos nos arredores das cidades, mas também prédios habitacionais de muitos andares nas áreas suburbanas. Cada vez mais apreciados são também experimentos imobiliários: por exemplo, a aquisição conjunta de grandes imóveis com áreas comunitárias e privadas.
Hoje, os compradores de imóveis se interessam muito mais em saber os custos energéticos das casas e apartamentos. Em decorrência da maior consciência ecológica e por razões econômicas. Desde 2009, quem quer comprar ou alugar um imóvel na Alemanha tem o direito legal de ver a “Identidade Energética” de tal imóvel. O documento comprova a eficiência energética de uma moradia ou de um prédio. A tendência é de uma moradia ecológica. Exatamente famílias jovens buscam conjuntos construídos de forma inócua ao meio ambiente com casas de baixo consumo energético ou de saldo energético positivo. Tais projetos surgem principalmente em áreas metropolitanas de economia forte de Stuttgart, Hamburgo e Munique. Também Freiburg, cidade pioneira na energia solar, possui diversos conjuntos ecológicos.




Tudo isto parece muito racional. Porém, quando se trata do sonho de moradia dos alemães, é tudo bem mais exótico. O portal imobiliário de internet “www.immowelt.de” constatou numa enquete, em 2010, que 25% dos questionados sonham em morar num aconchegante barco-casa, 21% gostariam de viver numa fazenda distante e 3% sonham até mesmo com a suposta grande liberdade de viver num trailer de obra. Isto, contudo, não parece ter nada a ver com o sofá aveludado cor de casca de ovo e o vaso com cíclame.

Fonte:
Magazine-Deutschland De.
Janet Schayan
12.11.2010
Fotos: NET / Arquivo pessoal

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